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Poder do empreendedorismo feminino impulsiona mudanças no Sertão pernambucano

Elas não esperam a vez. Fazem acontecer!

21/05/2025 às 14h37 Atualizada em 22/05/2025 às 08h09
Por: Cláudio Gomes
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Foto: divulgação
Foto: divulgação

Ter um negócio próprio no Sertão é mais que empreender — é resistir, sonhar e transformar a realidade ao redor com trabalho e coragem. Foi com essa força que Carla Alves, nascida e criada no bairro da Cohab, em Salgueiro, decidiu trilhar um caminho próprio no mundo dos negócios. Ao perceber que sua comunidade carecia de algo novo e autêntico, enxergou no queijo artesanal uma oportunidade de empreender com identidade e afeto.

Todos os dias, o pai de Carla, Juciê Alves acorda cedo, abre as portas do Ponto do Queijo e logo em seguida, após deixar o filho na escola ela começa o expediente. É nesse horário que os primeiros clientes começam a chegar — muitos em busca do leite fresco, outros já fiéis aos derivados que saem direto do Sertão para as prateleiras. O espaço oferece uma variedade de produtos que vai muito além do tradicional: Queijos de mussarela, coalho, manteiga, nata, borra, mel, manteiga de gado e uma variedade de doces artesanais — além de outros tipos especiais de queijo que enriquecem ainda mais o cardápio. Tudo produzido com o cuidado e a qualidade vindos da bacia leiteira do Sertão, especialmente de Bodocó e dos sítios da região — área que concentra a segunda maior produção de leite de Pernambuco.

“Eu sempre tive o sonho de empreender, de montar algo meu. Só não sabia exatamente o quê, até perceber o potencial desse mercado na minha região”, conta. Antes de se consolidar no ramo dos laticínios, Carla comercializava roupas que comprava nos polos de confecção como Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Com o lucro das vendas, reinvestiu no que hoje é seu grande projeto — uma loja que carrega sabor, afeto e visão empreendedora.

Nada foi feito às pressas. Houve planejamento, pesquisa de mercado e muito estudo sobre o setor. Foram meses avaliando fornecedores e estratégias até o momento certo de abrir as portas. “Passei um bom tempo pesquisando, analisando o comércio local, estudando a fundo o ramo de queijos e derivados. Quando entendi como funcionava, montei minha estratégia e comecei”, lembra.

O resultado é um negócio que cresce a cada dia, mantendo a autenticidade como diferencial e com entregas que chegam diretamente à casa dos clientes. O queijo de coalho é o mais procurado, mas o que fideliza é o compromisso com a qualidade em cada detalhe. “O queijo de coalho é o queridinho. Vai bem no café da manhã, no lanche, na grelha, em tudo”, explica com orgulho.

Mesmo com os bons resultados, o caminho não foi simples. Conquistar a confiança do público exigiu paciência e persistência. “No começo, o desafio era mostrar a qualidade do que a gente vendia. Tudo era novo, e o cliente precisa confiar. Tive que ter muita calma e insistência.” Hoje, Carla trabalha com o pai, mas já estuda a contratação de mais um colaborador para dar conta da demanda. E o sonho? Expandir. “Quero montar a segunda loja, aqui em Salgueiro mesmo ou quem sabe em uma cidade vizinha. Esse é o meu foco agora.”

Esse movimento individual reflete uma realidade cada vez mais presente em Pernambuco. Segundo dados do Novo CAGED, divulgados em abril de 2025, o estado criou 4,2 mil empregos formais para mulheres nos primeiros três meses do ano. No total, já são 52 mil postos de trabalho formais ocupados por elas nos últimos três anos. A Junta Comercial do Estado revela que 34,49% das empresas têm mulheres na liderança, embora o número ainda seja inferior ao dos homens.

O Data Sebrae, com base na Pnad Contínua/IBGE, aponta que 376 mil pernambucanas são empreendedoras — número significativo, mas que ainda representa menos da metade da participação masculina. A explicação está na carga que recai sobre as mulheres: segundo o Censo 2022, Pernambuco é o estado brasileiro com maior número de lares chefiados por elas — são mais de 1,7 milhão de residências.

Montar um pequeno negócio com base no que se conhece, no que se ama, é uma forma de enfrentar essas desigualdades com ação. E foi isso que Carla Alves fez: usou a tradição como base, o estudo como alicerce e a intuição como guia. “Hoje, eu vivo do que eu gosto. Tenho meu negócio, minha independência, e isso mudou minha vida”, afirma. O resultado é uma trajetória que inspira outras mulheres a também não esperarem a vez — e, sim, fazerem acontecer.

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