Muitos amores começam no período junino, no palhoção, roupa nova, um chuvisco, fogueiras acesas... as comidas, as músicas, bandeirolas. Elementos que trazem recordações, propõe um sentimento de alegria, uma nostalgia, e muitas vezes sugere uma conexão com aquilo que sequer vivenciamos, memórias herdadas por aqueles que nos antecederam. O psíquico é ativado até por aqueles que dizem não gostar da festa.
O período agita o turismo e a economia, gerando empregos diretos e indiretos. Ao longo dos meses de junho e julho as festas de Santo Antônio, São Pedro e São João podem movimentar até R$ 7,4 bilhões neste ano, de acordo com projeções feitas a pedido da CNN/2025, dados do site cnnbrasil.com.br.
Mas o que cabe trazer para refletir sobre esse período é a sensação de pertencer, é a conexão com as nossas raízes, com a nossa essência...TUDO ISSO É SOBRE NÓS. Esse sentimento é coletivo, é o simbolismo da travessia do Alto do Moura-Caruaru, é a persistência da tradição, a força da cultura que inunda o íntimo das pessoas, das pessoas que se permitem reconhecer o que habita no coração nordestino. É forte a transmissão de costumes, práticas, valores e crenças de uma geração para outra, mantendo viva a identidade cultural e histórica, o Nordeste é IMPARÁVEL.
Esse movimento é para além da economia, o São João pode representar a luta daqueles que nos antecederam, da comemoração da colheita, de sobrevivência e resistência. Está relacionado com o nosso desejo que não cessa de se inscrever. Afinal, somos seres desejantes. (Lacan).
A Psicologia aponta que a cultura desempenha um papel fundamental na constituição do psiquismo humano, molda a subjetividade e a forma como o sujeito interage no seu grupo social e com o mundo, isso permanece, cria raízes pode ser retroalimentado, ecoando nas gerações futuras. O psiquismo não é inato, mas sim construído.
O São João evoca sentimentos de nostalgia e memória afetiva, ativando circuitos cerebrais relacionados ao prazer e à segurança emocional. Além disso, as festas juninas podem ser vistas como rituais de acolhimento, expressão de emoções, fortalecimento de laços sociais. É sobre ancestralidade e identidade. Reconhecer e validar a essência nordestina é manter-se vivo, é existir!
Elisangela Sobral - Psicologia - Psicanálise - Sexualidade - (Espaço Singular – Psicanálise Clínica)
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