A ilusão da fama: brasileiro corre até atrás de quem não conhece

Você provavelmente viu esse vídeo rodando pelas redes sociais. Uma pessoa totalmente anônima desce de um carro de luxo, cercada por seguranças, na porta de um shopping. Em segundos, a cena vira um evento: gente gritando, pedindo autógrafo, chorando, fazendo selfie. E o detalhe mais curioso? Ninguém sabia quem era. Ninguém.

A princípio parece só mais uma pegadinha da internet, mas o vídeo revela muito mais. Ele escancara o quanto o brasileiro ainda tem uma relação infantilizada e exagerada com a ideia de fama. Basta alguém “parecer ser” importante para todo mundo correr atrás — sem nem saber o motivo. Existe, sim, uma carência coletiva. Uma necessidade quase desesperada de se sentir próximo de alguém que, na cabeça das pessoas, representa sucesso, poder ou reconhecimento. Mesmo que esse alguém seja um completo desconhecido fingindo ser alguém.

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E isso não é só sobre cultura pop. É sobre autoestima, sobre projeção, sobre essa ilusão de que, ao se aproximar de um suposto famoso, você também sobe uns degraus na escala social — nem que seja só por alguns segundos. Do ponto de vista psicológico, o sentimento de ser fã mistura admiração, falta de pertencimento e, muitas vezes, fuga da realidade. A questão é: muita gente não sabe lidar com isso. Não sabe simplesmente ver um artista, ou alguém “importante”, sem transformar o momento em um espetáculo emocional.

No fim das contas, a brincadeira revela algo óbvio, mas que poucos admitem: aqui, a gente ainda confunde fama com valor. E o pior, acredita no que quer, mesmo quando ninguém sabe quem está no centro da cena.