Eu não sei se o termo “nocaute emocional” existe ou não, na psicologia. Bom, se não existe, eu devo informar que acabei de inventar. Achei esse nome interessante para tentar descrever uma sensação de “tô no chão, tô na lona, tô derrotado”. Na música Chão de Giz, que descreve o fim de um relacionamento amoroso, Zé Ramalho diz: “agora pego um caminhão na lona, vou a nocaute outra vez”, ou seja, ele já tinha sido nocauteado antes. Mas será que esse nocaute foi físico? Será que ele trocou socos com alguém?
Eu nunca gostei de Boxe, MMA ou quaisquer “esportes” do gênero. Nunca consegui enxergar muita lógica em “medir força, espancar até sangrar, fazer sofrer, mostrar a superioridade ao outro”, embora essa prática seja bastante comum na vida cotidiana, mesmo de forma velada. Os nocautes, nesses “esportes”, costumam desacordar o adversário, tamanha a agressividade dos golpes. Mas nem só de socos e violência vive o nocaute.
O nocaute emocional deixa a gente “fora do ar”. Primeiro vem uma tontura, quase uma sensação de desmaio, depois você rejeita aquela agressão emocional e, mesmo que tente revidar, já era... você já foi nocauteada. Esse tipo de nocaute acontece geralmente quando a vida já vem batendo bastante em você. Aí, no mínimo golpe, você cai. E esse golpe pode não ser necessariamente uma agressão psicológica, física, uma humilhação ou violência verbal. Pode ser apenas um silêncio.
Acredito que seja interessante vivenciar profundamente esse nocaute, rasgar-se e remendar-se, como diria Guimarães Rosa. Porém, mais interessante que vivenciar essa experiência, é não permiti-la acontecer novamente. E para isso, é de extrema importância que você saiba exatamente quem te nocauteou. Reconhecer o inimigo é uma tática necessária nas grandes batalhas. Quando o lado cruel dessas pessoas aparece, você verdadeiramente as conhece e, somente dessa forma, pode optar em seguir sendo nocauteada ou bloquear todas as formas de acesso da pessoa a você.
Na última semana, a apresentadora Ana Hickmann teve teu nome bombardeado na mídia devido a uma agressão física, praticada pelo seu marido, o empresário Alexandre Correa. Visivelmente, Ana se apresentou nocauteada emocionalmente quando conseguiu gravar um vídeo agradecendo o apoio e o carinho dos fãs nesse momento dificílimo. Há indícios de que, o relacionamento, que já dura 25 anos, tenha sido repleto de agressões verbais e físicas ao longo do tempo. Aí, você, caro leitor e leitora, pode estar se perguntando: “como uma pessoa aguenta ser agredida por 25 anos?”. Eu também me pergunto isso, mas posso afirmar que se livrar de um abusador não é tarefa fácil. E aqui não cabe apenas citar marido ou parceiro amoroso. Aparentemente, Ana, que tem um filho com o agressor, vai se divorciar. Mas se isso não acontecer, não nos cabe o julgamento. Só ela sabe a dor que está sentindo.
Contudo, há de se lembrar sempre de algumas frases populares muito verdadeiras: “cuidado com o que você tolera, pois, você está ensinando como as pessoas devem te tratar”; e ainda: “você tem que aprender a levantar-se da mesa quando o amor já não estiver sendo servido” e o melhor de todos, na minha opinião: “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.
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