As reivindicações acerca do feminino atravessam os séculos e caminham lado a lado com a história da humanidade. É uma reivindicação que dialoga com a própria existência. Esse feminino que habita o ser humano e que vai além da genitália, é construção social. O que quer uma mulher? Perguntou Sigmund Freud. A questão clássica o que quer uma mulher?
Conduziu, e ainda conduz elaborações para decodificá-la, mais do que respondê-la, dado ao esperado caráter nebuloso das possíveis respostas. Ainda assim, muitas respostas foram dadas, negadas e questionadas, desde Freud. Novas concepções foram criadas. Contudo, algo persiste. Qual a natureza do enigma? O que foi vislumbrado pela psicanálise e é materializado no corpo da mulher? Sabe-se que, definitivamente, não é sobre ela, mas por ela que ele se presentifica. (DEMES; CHATELARD; CELES, 2011.)
É um continente obscuro. Respondeu o Mestre de Viena - Freud. Ele não tem como saber, porque ele é homem. Alguém pode replicar. Apenas quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida! (Milton Nascimento). Milton Nascimento nos ajuda a pensar que a estranha mania de ter fé na vida é concedida apenas a quem traz na pele essa marca, a mulher. Para além das questões políticas e econômicas, a reivindicação primeira, a mais importante de todas, está implícita na estranha mania de ter fé na vida. É o pulsar pela vida. É a existência que insiste em ocupar o seu lugar.
A existência do feminino foi negada por séculos, a teoria do sexo único assinalada pelo médico Galeno de Pérgamo no século II – d.C. defendeu que alguns seres humanos tiveram seus genitais ressecados para dentro por ausência do calor vital. (LAQUEUR, 2001). Assim, só havia um sexo, o masculino. Isso se arrastou por séculos.
Avançamos, a teoria foi revisada no século XVIII, resultando na atual teoria dos dois sexos. No entanto, os resíduos da teoria do sexo único se arrastam até hoje, muitas vezes revelando um caráter hostil, misógino e femincida. As construções sociais acerca do feminino ainda em curso, definem lugares e papéis, quase sempre secundários, o outro sexo, o segundo sexo (Beauvoir, 2009). O feminino clama por existência.
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